A intenção do meu pai era que meu nome fosse o da minha mãe, Sonia. Mas minha mãe não quis. Na época, estava sendo lançado uma nova produção do filme “Os Miseráveis”, que é um musical baseado no livro francês de 1862. Até então sabia isso, logo supus que meu nome era de algum personagem da obra. Recentemente foi feita nova produção do mesmo filme, fui ver e não encontrei nenhum personagem Sonja. Mas com Internet e site de busca, informação se encontra facilmente, logo percebi então que Sonja foi a atriz infantil que representou Cosset na obra, sendo indicada ao Oscar. Ah, sim, importante dizer que Sonja, é Sonia em russo. E meus pais encontraram uma forma diplomática para resolver a discordância, meu nome seria Sonja, eu seria e não seria Sonia, ao mesmo tempo. No últimos anos, um paciente me informou que na verdade Sonja é um diminutivo carinhoso de Sonia, na tradução seria algo como Soninha. O que combina com a história da minha família e a escolha diplomática feita.

Millaray era o nome da minha tia paterna, que veio a óbito em um acidente de carro, no qual meus pais estavam presentes. Por conta disso meu pai fez homenagem a ela, na sua primogênita, minha irmã mais velha. Segundo ele, o seu raciocínio, se foi bom para uma vamos manter, e assim ficou Sonja Millaray.

Sonja, assim como Sonia e Sofia, fala de sabedoria, conhecimento em prática. Millaray é um nome de origem Mapuche (povo original do Chile, minha descendência) que significa “flor de ouro”, relacionada a uma lenda de amor romântico.

Cada vez mais acredito menos em coincidências, os nomes escolhidos pelo meus pais me trouxeram apreço pelo conhecimento, busca pela sabedoria, uma percepção bem critica sobre a nossa estrutura social e a forma com vivemos. E de certa forma há algo em mim que costuma, inevitavelmente despertar ternura, como todas as coisas que chamamos pelo diminutivo. Também, tenho em mim, o apreço pelas delicadezas, na contemplação das pequenas grandes coisas, que estão ocultas no cotidiano corrido de compromissos e horários, apreço próprio das flores que sabem a força do sol, do vento e da lua. Sem deixar de falar do amor, que vivo, expresso e defendo, no que faço e com quem me relaciono. E por honrar a força, tão pouco perceptível, de tudo que é delicado e singelo, que comecei a me apresentar, me reconhecer como Sonja Millaray. Muito prazer, essa sou eu.